A nossa luta é pelo
direito ao trabalho como mulher
ROSANITA CAMPOS
Em suas “Teses ao III Congresso” que se realizará no próximo fim de semana no Guarujá, a Confederação das Mulheres do Brasil afirma que “Nossa luta é pelo direito ao trabalho!
Nossa luta é pelo direito ao trabalho como mulher! Pois a luta pelo direito ao trabalho é nossa luta principal para a emancipação da mulher”.
E justifica: “O interesse dos monopólios, que perseguindo sempre os super-lucros tratam a mulher como se fosse de segunda categoria, é afastá-la da produção, fazendo com que o trabalho doméstico que realiza barateie o custo da força de trabalho. Responsabilizam-na pela reprodução da força de trabalho pelo menor custo, além de com isso garantir que o trabalhador homem, sem ter ninguém para junto com ele dividir os custos de manutenção da família, sinta-se fraco e tema ir à luta, pois, se for demitido quem garantirá o pão de cada dia?
“Os monopólios, que impõem sua dominação aos países periféricos e em desenvolvimento, e seus aliados pagam às mulheres salários inferiores aos dos homens. Resistem em qualificar e profissionalizar a mulher trabalhadora, não cumprem as leis de proteção ao trabalho feminino e à maternidade, não querem que o Estado ou a fábrica invistam em creches, pré-escolas, assistência à maternidade e aos filhos. Nem que sejam construídas estruturas coletivas de apoio aos serviços domésticos levando a que as mulheres tenham de escolher se ficam ou não solteiras para investir numa carreira profissional, abrindo mão de sua primeira condição feminina, a maternidade, e portanto de sua identidade, forçando-a a integrar-se na produção como se homem fosse, ou no mínimo, como se fosse assexuada. Ao mesmo tempo não deixam de usar seu “poder de mando” para avançar na intimidação, no assédio, em pressioná-las a sentirem-se culpadas por deixarem os filhos e a família em função dos seus supostos interesses individuais. Como se ter uma profissão, um emprego, um salário para contribuir com a renda familiar fosse individualismo.
“Trabalho, família e filhos são, dessa forma, sentidos como antagônicos para a mulher. Muitas sucumbem a tal pressão e incorporam essa ideologia da classe dominante, passando a exigir que seja até remunerado o trabalho doméstico. Como se esse fosse o caminho para a sua valorização como ser humano. Ou, ao serem obrigadas a se submeter a este estado de coisas, passam a considerar que o seu problema central é a falta de solidariedade e o machismo do marido, e a falta de reconhecimento por parte deste dos seus direitos e valores. Problemas que existem e não são poucos, mas que nublam a consciência da mulher e a colocam em oposição ao seu companheiro, melhor e mais forte aliado na luta pela valorização do trabalho e pelo fim a exploração que ambos sofrem”.
O crescimento do país e seu desenvolvimento econômico, a sua libertação nacional da ganância dos monopólios externos é condição primordial para a superação das desigualdades sociais, para melhorarem as condições de vida e trabalho de todo o povo e em particular da grande maioria das mulheres , as trabalhadoras, que para manter sua dignidade de ser humano, amargam a dupla jornada de trabalho e não abrem mão de manter sua condição feminina, sua identidade como mulher, mãe e trabalhadora.
Nos momentos em que o país esteve nas mãos entreguistas de FHC vimos essa situação piorar muito, seja para a população em geral, seja para as mulheres em particular, que viram suas condições de vida e trabalho degradarem-se ao mesmo tempo em que as empresas nacionais eram privatizadas e entregues aos monopólios estrangeiros com financiamento de bancos públicos como o BNDES, ou seja com nosso dinheiro.
Com o governo Lula essa situação se inverteu. Lula cuidou do povo. Parou com a corrupta orgia das privatizações. Cuidou dos trabalhadores, reconheceu devidamente as Centrais Sindicais e o papel dos trabalhadores no desenvolvimento do país. Pensou no nosso futuro e no futuro dos nossos filhos, investiu na Petrobrás, maior empresa do país, herança de Getúlio Vargas e da industrialização estimulada por ele na década de 1930 e que o tucanato queria privatizar.
Em 2006 a Petrobrás conquistou a auto-suficiência para o Brasil na produção de Petróleo. Com sua capacidade técnica reconhecida internacionalmente, descobriu e já começou a explorar o pré-sal, o que fez com que os vende-pátrias se assanhassem em querer “melhorar” a lei brasileira que regulamenta a exploração do petróleo para permitir mais acesso das multis como a Shell, a Esso, entre outras ao nosso petróleo. O PSDB conseguiu aprovar uma CPI no senado para tentar enfraquecer a Petrobrás, desqualificá-la e assim pressionar o governo para fazer uma lei mais branda que permita a entrega do nosso petróleo para as empresas estrangeiras.
Nem os trabalhadores, nem o povo e muito menos as mulheres brasileiras permitiremos o assalto ao nosso petróleo e a desmoralização da Petrobrás. O pré-sal é nosso! A Petrobrás é nossa! E os recursos provenientes dela deverão estar a serviço do nosso desenvolvimento e não no enriquecimento das multinacionais.
O governo do presidente Lula, ao desenvolver programas sociais como o bolsa-família, o Luz para Todos, o ProUni, o Minha Casa, Minha Vida, os programas de capacitação profissional do Ministério do Trabalho e especialmente em promover o crescimento com o PAC, não se curva em permitir que a crise que se abateu sobre os EUA e a Europa chegue aqui mais que como uma marolinha, e em muito contribui para o avanço das lutas das mulheres brasileiras abrindo objetivamente espaços para que ela participe cada vez mais da vida social e política como cidadãs de primeira categoria.
A violência é atraso, é fruto da miséria, do desemprego, dos baixos níveis de educação e de consciência. Uma sociedade violenta gera cidadãos violentos e vice-versa. Só a ação do Estado no seu grau mais elevado de compromisso com sua população, com as mulheres e as crianças pode fazer com que essa situação seja definitivamente superada.
O momento é de reunir forças para completar nossa independência, fazer do Brasil uma nação soberana e igualitária que valorize a todos que trabalham, a todos que lutam para que ela seja uma nação cada vez mais brasileira.
É hora de baixar os juros e não permitir que Meireles continue com a sabotagem ao crescimento econômico no Banco Central.
Para conquistarmos todos esses avanços temos no Presidente Lula nosso maior aliado. Sabemos do compromisso que ele já demonstrou ter para que as mulheres tenham assegurado o seu mais elementar direito, o direito ao trabalho, caminho da sua libertação.
Parabéns à Confederação das Mulheres do Brasil pela realização de seu III Congresso. E por trazer à luz, temas tão candentes ao debate nacional.
*ex-presidente da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), atualmente conselheira da CMB e Vice-Presidenta do Partido Pátria Livre.
Jornal Hora do Povo Nº 2.767 (22/05/2009
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